Tem dias que minha cabeça arde de cansaço. É um cansaço imenso de reaprender a caminhar. Me dá até dor de cabeça!
O aprendizado acontece apartir da experiência com o novo, e repetidas vezes. Não interessa se bom ou ruim,. É uma dinâmica de acúmulo de conhecimento, da nossa capacidade de absorver, compreender, e vivenciar o novo.
Pesquisas apontam que para aprendermos a memorizer e usar uma palavra nova, ela tem que ser repetida pelo menos nove (9) vezes! É por isso que as crianças pedem sempre para repetirmos, ou mesmo, repetem palavras e comportamentos que ouvem e veem repetidamente.
Assim é quando estamos aprendendo uma música nova, não é? Ouvimos uma, duas vezes, na Terceira vez já balbuciamos algumas palavras, na quarta já decoramos o refrão, na quinta sabemos as primeiras frases e mais o refrão, e assim por diante. O “miolo” é mais difícil, demora um pouco mais. Tem músicas simples que a gente aprende de cara, outras não. E tem músicas que a gente acha que aprendeu e quando vai ver, cantou errado uma vida inteira. Tinha uma música antiga de carnival que tinha um refrão assim: “Menina, você é um doce de côco. Tá me deixando louco, tá me deixando louco” e eu cantava assim “Menina, você é um doce de côco. Caubi Peixoto louco, Caubi Peixoto louco”. Não tenho a menor idéia do porque eu cantava desse jeito, entendi assim e assim cantei durante a vida toda, até que eu li a letra em algum lugar e me acabei de tanto rir!
Nosso aprendizado de outra língua e de outra cultura não é diferente. Aprendemos primeiro aquilo que ouvimos mais, aquilo que vemos mais. Cada palavra e cada gesto vai adquirindo significado à medida que passa a fazer parte de nosso dia-a-dia, à medida que compreendemos como, quando, onde e porque dizer isso ou fazer aquilo. O importante é nos sentirmos livres para aprender, para perguntar de novo, para ter menos ou mais dificuldade num assunto ou em outro.
Não tenha medo de não saber! A gente não sabe tudo e nunca vai saber. E a gente não é bom em todas as coisas e também nunca vai ser. Aprenda sim, aprenda sempre. Mas não exija demais de você mesmo, senão você vai acabar cansado. Muito cansado. Se canse, se esforce, mas não tente ir muito além do que você pode. Sou a favor da excelência, mas também sou a favor do respeite ao seu limite. Respeite seu tempo, suas limitações. Supere-as sim, mas deixe o tempo também fazer o seu trabalho.
Claro que nesse contexto, tem também a questão da necessidade. Nosso aprendizado vai ser naturalmente mais efetivo quando estamos aprendendo algo porque precisamos, porque queremos, porque tem significado para nós. Isso já dizia nosso mestre Paulo Freire, que tem excelentes livros sobre o assunto, para quem se interessa.
O mais interessante é saber que, depois que aprendemos, somos libertos por nós mesmos. Nos libertamos do medo, da opressão, da ignorância. E digo ignorância no sentido original da palavra, que é a “falta de conhecimento” sobre algo. Nos libertamos da dependência do outro, da dependência de um comportamento, e de qualquer conveniência que possa mascarar a nossa falta de conhecimento.
Enquanto a gente aprende, a gente se cansa, sofre, mas a gente cresce. Amadurece. E quebra paradigmas.
Quando você tiver o conhecimento dessa nova língua, dessa nova cultura, você vai ser livre para poder conscientemente optar, opinar, transformar.
Enquanto isso, a gente vai acrescentando um conhecimento aqui, um refrão ali, mais um conhecimento lá, outra melodia cá. No final a gente vai aprender a interpretar. Cantar com sentimento, sem ter que ler a letra.
Portanto, respeite seu tempo, mas siga em frente. Não desista. Você vai vencer e a gente ainda vai cantar junto!