O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião na manhã desta quarta-feira no litoral de São Paulo, lançando novas incertezas sobre o desfecho das eleições de outubro.
O avião que levava Campos do Rio de Janeiro a Santos, onde o socialista cumpriria agenda de campanha, arremeteu quando se preparava para pousar no aeroporto da cidade vizinha de Guarujá. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o jato Cessna 560XL.
Campos, 49 anos, foi governador de Pernambuco e tinha cerca de 10 por cento das intenções de voto nas últimas pesquisas para a corrida presidencial. Ele se posicionava como um socialista pró-empresários e foi aliado até o ano passado da presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição.
A candidata à vice na chapa do PSB à Presidência, a ex-senadora Marina Silva, não estava no avião.
Visivelmente abalada, Marina disse em pronunciamento que a morte de Campos “é sem sombra de dúvida uma tragédia”. “Durante esses 10 meses de convivência, aprendi a respeitá-lo, admirá-lo e a confiar nas suas atitudes e nos seus ideais de vida”, disse Marina a jornalistas em Santos. Ela não respondeu a perguntas após sua fala.
Campos estava atrás de Dilma e Aécio Neves (PSDB) na corrida presidencial e ainda não tinha conseguido capitalizar a presença ao seu lado de Marina, que na eleição de 2010 teve quase 20 milhões de votos.
A equipe do socialista acreditava que as intenções de voto de Campos subiriam com a propaganda eleitoral gratuita, a partir de 19 de agosto, com a maior exposição do candidato na mídia e eventos de campanha.
Em Brasília, Dilma decidiu suspender todas as atividades da campanha por três dias em respeito à morte de Campos. “O Brasil inteiro está de luto. Perdemos hoje um grande brasileiro… Perdemos um grande companheiro”, disse a presidente, para quem Campos poderia ter galgado os mais altos postos do país.
Aécio também cancelou sua agenda de campanha. “É com imensa tristeza que recebi a notícia do acidente que vitimou o ex-governador e meu amigo Eduardo Campos. O Brasil perde um dos seus mais talentosos políticos, que sempre lutou com idealismo por aquilo em que acreditava”, disse o tucano, que estava no Nordeste.
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestaram sobre a tragédia.
“Certamente ele teria uma presença marcante para o futuro do Brasil, e o Brasil precisa de líderes com visão, com capacidade de compreender a situação e de não guardar ódio, rancores, animosidade. O Eduardo era assim”, afirmou FHC.
Para Lula, o país perdeu um homem público de rara e extraordinária qualidade. “Ao longo de toda sua vida, Eduardo lutou para tornar o Brasil um país mais justo e digno”, disse.
Campos era casado com Renata e deixa cinco filhos.