Porque não começar nosso dia dizendo, ME PERDOE, SOU GRATA, TE AMO, estas são palavras de uma técnica havaiana que pode ser aplicada diariamente, chamada h’oponopono, uma técnica de perdão, para que possamos libertar nosso coração das magoas que o envolve.
Esta técnica nos ensina a pensar nas pessoas que temos conflitos e precisamos perdoar ou pedir perdão, dizendo a frase e o nome da pessoa, várias vezes ao dia, evocamos uma energia de cura para qualquer magoa, desavença, ódio, ou qualquer sentimento negativo que aja entre o conflito, então é mais ou menos assim: dizer o nome da pessoa (fulano) Me perdoe (por te magoar por exemplo), sou grato (por você existir), te amo (para te curar e me curar).
O perdao é pouco estudado no âmbito psicológico, sendo que fora as análises religiosas, praticamente não há material sobre esta questao.
O perdão nunca recebeu um olhar muito acurado dos filósofos. O assunto foi empurrado para a esfera da religião e por lá permaneceu por muito tempo. O resgate do perdão, como objeto da filosofia, foi feito pelo filósofo francês Paul Ricoeur. Ele dizia que “ O perdão é algo que não pode ser claramente explicado, pois, “o perdão é tão difícil de ser dado quanto compreendido”. A dificuldade de compreender o perdão está inserida na dificuldade que temos de compreender um ato inacabado, pois o perdão é chamado para resolver os conflitos não resolvidos.
Se pensarmos bem, o perdão e a justiça estao ligados, pois são elementos decisivos para o saudável funcionamento da memória e do esquecimento. Eles se aproximam, pois ambos têm o intuito de selar um conflito estabelecido. Porém, não se pode confundir o perdão com a justiça. Mesmo na nossa linguagem do dia a dia estabelecemos a diferença quando dizemos: “perdoei alguém, mas acho que o que ele fez não é justo” ou o inverso “esse ato foi justo, mas não é possível perdoa-lo”.
A justiça é complexa porque a linha que separa o justo do injusto é muito tênue. O perdão é difícil porque ele é uma luta contra a dor, é uma digestão bem feita de algo difícil de ser digerido.
A justiça nem sempre sela o nosso desejo de vingança, e o perdão nem sempre sela o nosso ressentimento com o passado. Justiça e perdão envolvem-se como uma reconciliação do passado.
Então coloco em pauta para que cada um analise esta questão, pois todos temos dentro de nós o perdão e também conflitos não resolvidos, que julgamos injustos. Temos a capacidade de perdoarmos a nós mesmos e a outros quando nos sentimos machucados. Mas há também um limite para o perdão, um obstáculo difícil de ser superado.
Quão difícil e o perdão, pedir perdão ou aceitar o perdão? Cada um de nos sabe a sua dificuldade em relação a isso, e sabendo dela temos a capacidade de trabalhá-la. Mas o que envolve o perdão?
O perdão envolve o passado, o presente e o futuro, o perdão envolve acontecimentos remotos, de guerras e injustiças contra a humanidade, envolve traição, dor, fraqueza, envolve coragem, amor e fe.
Para entendermos melhor sobre o perdão, vamos citar as lembranças do passado.
Nossas histórias de memória são repetidas através dos povos, por aquilo que eles viveram e que trazemos em nossa cultura por esta influência passada, como por exemplo, nosso extinto de sobrevivência vem desde os primórdios.
Cada um de nós tem estas lembranças dentro de si, como a distinção do bem, do mal, daquilo que e perdoável para nós, ou não.
A grande questão do perdão passa por um sentido pessoal de desmontar o passado, as lembranças, nossas defesas, mágoas, ódio, mas principalmente não se sentir atacado ou injustiçado, a partir dai conseguimos compreender e comecamos a perdoar.
O perdão e um ato necessário para cada um de nós, não em função de alguém, mas de nos livrarmo-nos de uma carga psicológica pesada, destrutiva e corrosiva, sendo uma das mais difíceis tarefas do ser humano, pois o senso da chamada justiça ou vingança impede o estabelecimento do perdão.
E claro que e difícil para qualquer ser humano esquecer algum ato que o comprometeu nas diversas esferas da vida: dinheiro, trabalho, família, sexo, amizade, amor, enfim, porém, cultivar a mágoa, ódio ou vingança, só trará uma sensação constante de autoflagelação e martírio.
Penso que o ato de perdoar é um dos maiores desafios do ser humano desde os primórdios, porque nossos instintos nos forçam a não apenas dar o troco, mas fazer uma espécie de justiça para nosso próprio ego, dizendo que somos capazes de reagir perante uma determinada humilhação ou situação.
Precisamos então distinguir nossa capacidade de autodefesa e a vingança propriamente dita, pois quando nossa reação desencadeia rancor, ódio, mágoa, estaremos presos a este sentimento e uma situação torturante em nossas vidas, isto chama para vinganca. Nossa auto defesa é nos protegermos de sentimentos ruins e isso pode desencadear o perdão.
Perdoar não e uma tarefa fácil, mas também não é impossível. Muitos de nossos ensinamentos são associados ao perdão como o esquecimento do ato ou fato, mas a mágoa continua porque a ação não foi perdoada, então ficamos remoendo isso que com certeza nos fará mal, e nos aprisionara ainda mais a este sentimento. Precisamos nos libertar, deixar fluir coisas boas e perdoar dentro da nossa capacidade de compreensão.
Um exemplo disso foi um fato histórico que ocorreu na tarde de 13 de maio de 1981, e nos leva a pensar sobre o poder do perdão e quão bem pode fazer a nós. O Papa João Paulo II sofreu um atentando, na Praça São Pedro, no Vaticano, enquanto cumprimentava os fiéis. O pontífice foi atingido por 3 tiros e o autor, o turco Mehmet Ali Agca foi imediatamente preso pela polícia italiana e condenado a prisão perpétua. No caminho do hospital e mesmo muito mal e com dores horríveis, o Papa falou ao cardeal o que acompanhava que perdoava o autor dos disparos, um ato benevolente de amor e fé.
Então eu pergunto, se ele e capaz de perdoar, poderemos nós perdoar também?
E você pode me responder, mas ele e o Papa, com um conhecimento filosófico, teológico impagável além de biblico e ser um religioso. Mas, então vem a questão, se um ser humano é capaz de perdoar, o outro também pode?
Em 1989 o Papa visitou Acga na prisão, e este recebeu o perdão pessoalmente. Segundo os religiosos católicos este ato revela o terceiro segredo de Fátima, o atentado ao Papa, e porque nao dizer um exemplo de perdão para a humanidade.
Com esta atitude concluimos que perdoar então e possível e um ato de amor.
Segundo o Psicólogo Marcos Bersam perdoar e possível, e o primeiro passo para termos mais êxito no ato de perdoar é rever o conceito equivocado de que perdoar é esquecer, pois o perdão nunca fará você esquecer e apagar as lembranças ruins, mas com o perdão você pode acessá-las sem amargura, ódio, ressentimento que nos impede de continuarmos nossa caminhada pessoal.
“A pessoa inteligente sempre procurará perdoar”. O ato de perdoar é um mecanismo universal que todo ser humano dispõe gratuitamente, é a possibilidade que temos de provocar a nós mesmos efervescência de sentimentos positivos que trarão benefícios incomensuráveis a vida psicológica e a saúde física.
Aprendemos que a pessoa que não perdoa o outro tem uma personalidade forte; é como se o sujeito que não perdoa estivesse violentando; agredindo aquele que clama por perdão. Fica parecendo que ao perdoar você está fazendo um favor ao outro. Na verdade não é nada disso, o perdoar ajuda muito pouco ao outro; o maior beneficiado da atitude de perdoar é aquele que perdoa, então podemos dizer que o que mais ganha com o perdão é quem o concede sem muita relutância.
Diversos estudos revelam que negar o perdão estimula doenças oportunistas do sistema imunológico como aumento da pressão arterial; dores musculares; depressão; enxaqueca; problemas gástricos; dermatológicos e até mesmo hepáticos.
E’ importante que saibamos que o perdão é o caminho mais fácil para a saúde psicológica. Perdoar e um ato de amor.
Freud já dizia: “Compreender tudo não é perdoar tudo. A análise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que podemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado”. Então se pensarmos assim devemos eliminar o que nos faz mal, e se isso for através do perdão, que façamos para alcançar a leveza de nossa alma, a tranquilidade de nosso ser.
O filósofo grego Sócrates dizia: “Quem entende a beleza do perdão pode julgar seus semelhantes”.
Então, comece hoje a perdoar, mentalize a pessoa e repita a técnica do h’oponopono, perdoe e deixe-se perdoar e sinta tudo fluir melhor em sua vida, caminhos vão se abrir e o sol voltará intenso em seu coração.